Monday, August 23, 2010

Uma carta à directora do Público, hoje (coloridos meus):

"O país das cabeças duras

Basta ler as reacções negativas das nossas elites à proposta da ministra da Educação de acabar com as reprovações na escolaridade obrigatória para atestar a aversão tão portuguesa à mais elementar operação de cálculo mental. É que nem se pode dizer que a proposta da ministra é uma proposta inteligente... Trata-se tão-só de uma proposta óbvia.

Hoje todos reconhecemos o grande falhanço da reforma educativa de Roberto Carneiro. Mas a principal causa do falhanço da reforma residiu precisamente no facto de Roberto Carneiro ter cedido aos sindicatos de professores, associações de pais e à mediocridade das nossas elites, sacrificando as duas paredes-mestras da reforma proposta por Fraústo da Silva: o fim das reprovações na escolaridade obrigatória e a introdução de exames para prosseguimento de estudos.

Só um imbecil ou um cretino pode defender, simultaneamente, a escolaridade obrigatória, as reprovações e um ensino público de qualidade. E por uma razão muito simples: trata-se de uma impossibilidade matemática como facilmente se demonstra.
Com efeito, são precisamente as reprovações, na escolaridade obrigatória, que obrigam a que se aldrabem os resultados, se nivele por baixo, se diminuía o grau de exigência e de rigor e se inflacionem as notas. Isto é uma evidência!

Da mesma forma que, no salto em altura, à medida que se sobe a fasquia cada vez são menos os que a conseguem transpor, também, nas nossas escolas, quanto maior for o grau de exigência, maior é o número de reprovações. E, mantendo-se a exigência e as reprovações, só há duas formas de impedir que os alunos menos dotados fiquem eternamente no mesmo ano de escolaridade: ou baixam a fasquia ou põem-lhes uma escada. Mas, neste caso, não me venham falar de exigência e de mérito, onde só existe fraude e aldrabice.

Acresce que as reprovações impõem um sistema tão fraudulento que os alunos (quer os que nada sabem, quer os que sabem alguma coisa) acabam todos a escolaridade obrigatória com a mesma nota: nível 3.

E se acabassem as reprovações na escolaridade obrigatória, a situação só por si melhorava? É óbvio que melhorava e em benefício de todos: alunos, pais, empresários e contribuintes.

Em primeiro lugar, os professores podiam ser exigentes, cabendo aos alunos, se quisessem ter boas classificações, trabalhar e esforçar-se para isso. Neste momento, os alunos passam, praticamente, todos com nível 3. Com o fim das reprovações, uns passariam com 2, outros 6 e outros com 16 valores. Era, aliás, fundamental que, com o fim das reprovações, as classificações passassem a ser de 0 a 20, para serem mais informativas, diferenciar os alunos e premiar o mérito, e fossem introduzidos os exames nacionais no fim de cada ciclo para aferir as classificações.

Em segundo lugar, as classificações e os certificados de habilitações passavam a ter, consequentemente, credibilidade e valor informativo porque reflectiam o que os alunos efectivamente sabiam.

Em terceiro lugar, os alunos que, no actual sistema, reprovam (ou passam por favor) poderiam, por um lado, iniciar o novo ano lectivo logo integrados em turmas de recuperação às disciplinas a que não tinham obtido aproveitamento e, por outro, não ficariam impedidos de prosseguir os estudos nas disciplinas a que obtiveram aproveitamento. Ou seja, não só tinham mais possibilidades de melhorar às disciplinas em que tinham dificuldades como também não ficavam a marcar passo nas disciplinas a que obtiveram aproveitamento.

Em quarto lugar, evitava-se que alunos matulões e cheios de vícios liderassem turmas de alunos mais novos e com vontade de aprender. Se os alunos acompanhassem sempre os da sua idade, grande parte dos problemas de disciplina dentro da sala de aula seriam evitados.

Finalmente, reduzir-se-iam em muitos milhões de euros os custos na educação com a vantagem de se aumentar a qualidade, premiar o mérito, diminuir a indisciplina e apoiar, efectivamente, os mais necessitados.

Se não fossemos um país de cabeças duras, não seria difícil chegar a esta conclusão. Mas as nossas elites têm a cabeça tão dura que, por mais que batam com ela na parede, não a conseguem abrir.

Santana-Maia Leonardo

Abrantes"



Quem é este senhor? Um advogado de Abrantes, com atendimento ao público assim:



Wednesday, August 4, 2010

Catita e leve

No Público de hoje, Santana Castilho sobre Alçada:

"Catita no vestir e no pentear, eis Isabel, leve no pensar, ministra da Educação e fantasista por compulsão."


(texto completo aqui)