Saturday, November 8, 2008

Felgueiras nunca existiu

José Manuel Fernandes hoje no Público:

"talvez estejamos condenados a tudo tolerar à custa de um conceito de justiça que vive à procura de expedientes processuais para nos fazer acreditar num mundo melhor. "

Aqui no Ávido2 estamos sempre preocupados com os problemas da educação. Não é que esta frase de JMF sobre o escândalo da traficância PS-tribunais se aplica, módulo isomorfismos óbvios, a certas situações do nosso ensino?

Caça às bruxas

Richard Hawkings na sua cruzada, agora também contra Harry Potter.

Thursday, November 6, 2008

Wednesday, November 5, 2008

América, América

Até pela raridade, um texto inteligente sobre os USA e nós (do Público de hoje)


Que nome vamos dar agora aos nossos problemas?

05.11.2008, Rui Ramos

O ódio a Bush foi a mais próspera indústria intelectual do planeta. Valeu prémios em Cannes e até um Nobel de Economia

Escrevo enquanto os americanos votam. Seja qual for o resultado, uma coisa é quase certa: vão chegar ao fim oito anos de simplicidade, um tempo em que todos os problemas do mundo tiveram apenas um nome: George W. Bush. Guerras, furacões, as temperaturas médias do planeta, bancarrotas bancárias - tudo, sem excepção, se pôde imputar a Bush, com assentimento geral.

O ódio ao presidente americano foi a mais próspera indústria intelectual do planeta. Valeu prémios no festival de Cannes e até, já este ano, um Nobel da Economia. E não foram apenas os inimigos de sempre que usaram Bush como pai e mãe de todos os males. Também os "neoconservadores" nos explicam há dois anos que as ideias que emprestaram à presidência estavam certas, e que foi a sua aplicação por Bush que estragou tudo.

Não admira que Obama tivesse fingido que estava a concorrer contra Bush, reduzindo McCain a um avatar do presidente. Quem é que, neste momento, não gostaria de ter Bush como rival numa eleição?

Há que admitir: não é fácil imaginar alguém mais adequado para o papel de bode expiatório universal. Sem brilho e sem eloquência, incapaz de argumentar para além das frases prontas-a-dizer, parece, no entanto, ter sido capaz de se impor aos seus conselheiros e de decidir entre pontos de visto opostos. Foi assim fácil submetê-lo, ao mesmo tempo, a todo o menosprezo e a todas as responsabilidades.

Pelo meio, esquecemo-nos de muita coisa. Em primeiro lugar, que Bush nunca se propôs ser o Presidente que finalmente foi. Entre 1993 e 2001, Bill Clinton dera aos americanos uma das suas mais agitadas e controversas presidências (a destituição de 1998, repetidas operações militares nos Balcãs e no Iraque, a desastrosa invasão da Somália, etc.).

Bush pretendeu acalmar e reunificar. Como governador do Texas, formara coligações com os democratas. A sua filosofia, em ruptura com rigores "liberais", resumia-se a uma versão conservadora da "Terceira Via" da esquerda: o "conservadorismo compassivo". Em relação ao mundo, anunciou que o negócio dos EUA não era "reconstruir Estados". Houve mesmo quem temesse um "neo-isolacionismo" americano.

Esta presidência sem grandes objectivos ou distinções naufragou no dia 11 de Setembro de 2001. Subitamente, Bush teve de fazer história. Precisou não só de responder aos jihadistas, mas também de evitar uma recessão. É hoje fácil criticar as suas opções, e reduzi-las aos preconceitos privativos dele ou dos seus conselheiros favoritos.

Mas as guerras do Afeganistão e do Iraque, tal como o recente resgate dos bancos, foram votadas por maiorias de ambos os partidos. Bush "mentiu" no caso do Iraque, como reclamam os seus inimigos? Não há prova de que ele próprio não estivesse enganado, tal como o seu antecessor (veja-se o discurso de Clinton sobre o estado da união de Janeiro de 1998).

Será talvez mais interessante perceber o modo como Bush correspondeu a uma maneira de encarar o mundo que, desde o fim da década de 1980, se tornou comum à esquerda e à direita ocidentais.

Bush surgiu em 2001 num Ocidente dominado por Governos de esquerda. A Guerra Fria era uma memória remota. Toda a gente bem pensante, depois da crise financeira de 1998, passava por mais uma fase de rancor ao "liberalismo" da década de 1980. Era o tempo do Fim da História e da Terceira Via. O Fim da História dizia que não havia alternativa ao modelo político ocidental, destinado a globalizar-se.

A Terceira Via ensinava que era possível ao Estado condicionar os mercados de modo a ter crescimento e distribuição de riquezas, sem crises ou desigualdades. Foram estas ideias que orientaram a intervenção no Iraque, onde se julgou inicialmente que bastaria derrubar um ditador para ter democracia, e a persistente manipulação dos mercados, através dos impostos e dos juros. Assim foram crescendo a bolha do crédito e os compromissos militares. Mas nem o subprime nem a "mudança de regime" no Iraque (decidida por Clinton) começaram com Bush.

Basta ouvir Obama ou McCain para perceber que os termos do debate no Ocidente não se alteraram em relação à década de 1990. Em Berlim, Obama reafirmou a universalidade da democracia, que está determinado a implantar com toda a força no Afeganistão. Os seus remédios para a crise económica são investir e cortar impostos (à "classe média", diz ele). Obama ou McCain não são exactamente Clinton nem Bush. Mas os problemas que forçaram Clinton e Bush a ser quem foram não acabaram com as presidências deles. Em breve, teremos de lhes dar outro nome. Talvez já tenha sido achado hoje. Historiador

Sunday, November 2, 2008

Conselho Nacional de Educação

Retirado do Parecer sobre a educação das crianças dos 0 aos 12 anos:

...

CNE assumiu como uma das suas prioridades estudar a educação na etapa da vida das crianças situada entre os 0 e os 12 anos de idade, tendo adoptado como metodologia o estabelecimento de uma relação dialéctica entre o conhecimento científico e o debate de concertação sócio-educativa.

...

No que respeita à educação dos 0 aos 3 anos de idade, parece haver consenso sobre a necessidade de aumentar a oferta, de promover a intencionalidade educativa nos contextos de guarda

...

Existem actualmente em Portugal mudanças que têm potencialidades para melhorar a escola do 1º ciclo e cujos efeitos seria importante avaliar, designadamente, quanto à integração dos alunos e diminuição do insucesso escolar

...

Portugal não é o único país em que os alunos encontram dificuldades, mas é um dos poucos países da Europa que não consegue apoiar de modo eficaz os seus alunos, penalizando-os pela ineficácia do sistema.

...

Confrontados com sistemáticas avaliações negativas e sem capacidade para estudar e ultrapassar os problemas, alguns alunos não estudam porque não são capazes de o fazer, muitas vezes porque não compreendem sequer o que lhes é ensinado

...

A transição de ano sem que os alunos adquiram as competências necessárias e sem que se encontrem os meios de superação de dificuldades não é de modo algum a solução, mas a repetição, atirando a responsabilidade da não aprendizagem para o aluno e sua família, também não o é.

...

Propõe-se o reforço da exigência na qualidade das aprendizagens e uma actuação pertinente ao primeiro sinal de dificuldade e sem "etiquetagem precoce", em substituição da repetência usada como estratégia pedagógica para a regulação de problemas de aprendizagem.

...

Maldita cocaína!

Thursday, October 30, 2008

Stars and stripes

Nas vésperas da consagração de Obama, aqui fica a imagem da concorrente de Biden, a nossa preferida.

Sunday, October 19, 2008

McCain - Obama

Belo debate.

Paulo Teixeira Pinto - O novo Euclides

Do último Expresso, de uma entrevista a PTP, as suas palavras:

"...sem contar com o 1, que representa a singularidade, o 3 é o primeiro dos números primos significantes da pluralidade."

Aqui no Ávido2 gostamos muito dos números primos (números que têm exactamente dois divisores), o que nos leva a chamar a atenção para o facto de 1 não ser primo, mas 2 o ser. A sucessão dos números primos tem muito de misterioso, aqui vão os primeiros:

    2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29

Saturday, October 11, 2008

Ensino ignora evolução

No Expresso de hoje, Virgílio Azevedo, num artigo com o título deste post:

"...Sarah Palin, uma cristã evangélica adepta do ensino do criacionismo nas escolas em vez da Teoria da Evolução..."

Ora isto é uma mentira muito grande... ganha-se dinheiro por escrever estas coisas?!...

Tuesday, September 23, 2008

Tuesday, September 16, 2008

Sarah, a criminosa

Do Expresso, mas tb noutros jornais portugueses, com base num artigo do nyt:

Sarah Palin, a candidata à vice - presidência americana, tem causado sensação na campanha. Desde que McCain anunciou Palin como número dois, que não pararam de surgir na imprensa notícias sobre a governadora do Alasca.

A última polémica está relacionada com a sua governação no Alasca, primeiro como presidente da Câmara de Wasilla e depois como governadora do estado. Uma investigação publicada ontem no jornal "New York Times" afirma que a republicana contratou amigos, oferecendo-lhes salários superiores ao que ganhavam em empresas privadas.

O jornal norte-americano indica que ao todo foram cinco os favorecidos. Uma ex-colega de escola secundária foi nomeada para um cargo de direcção no departamento de agricultura do estado do Alasca, sem ter qualificações para a função.

Claro que não vale a pena comparar com os nossos políticos no poder... 5 beneficiados! É fartar vilanagem!

Monday, September 15, 2008

Sarah is a bad, very bad girl!

Se não vejamos. É criacionista. Cito:

"Teach both. You know, don't be afraid of information. "Healthy debate is so important and it's so valuable in our schools. I am a proponent of teaching both. "And, you know, I say this, too, as the daughter of a science teacher. Growing up with being so privileged and blessed to be given a lot of information on, on both sides of the subject -- creationism and evolution. "It's been a healthy foundation for me. But don't be afraid of information and let kids debate both sides."

Além disso, segundo a nossa imprensa, a Sarah quer declarar guerra à Rússia. Cito o que diz o tratado do Atlântico Norte:

Artigo 5

As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou colectiva, reconhecido pelo artigo 51.° da Carta dias Nações Unidas, prestará assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora, individualmente e de acordo com as restantes Partes, a acção que considerar necessária, inclusive o emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte. [...]

É assim. A Sarah é um demónio perigoso...

Friday, September 12, 2008

Bestialidades ao correr da pena

No Público de ontem, num artigo sobre "Da Democracia na América" de Tocqueville, (Na Ípsilon: A História da Revelação Americana, por Francisco Luís Parreira) este texto (sobre a época de Tocqueville):

A República não se transformara ainda num globalismo militar e económico. Não tinha ainda chegado à Lua para depois chegar a toda a Terra. Em Nova Iorque, as leis da física ainda não haviam sido suspensas e uma oligarquia delinquente, sediada na Casa Branca, não atentara contra a vida dos seus concidadãos para postular um inimigo e impor uma nova ordem mundial.

Não sei quem é este Francisco Luís Parreira. Mas esta frase é uma monstruosidade!

Tuesday, September 2, 2008

Paulo Pedroso e a igualdade

Parece que Paulo Pedroso vai receber uns dinheiros do erário público. Como disse Tolstoi, é uma questão de igualdade.
[Que vómito de país...]

Monday, August 18, 2008

Monday, August 4, 2008

Costa Martins dixit

Do Público de hoje. (Sim, este grunho foi nosso ministro. Olhem: Coronel-Piloto-Aviador. Ex-membro da Comissão Coordenadora do MFA, do Conselho de Estado, do Conselho da Revolução e do Conselho dos Vinte. Ex-Ministro do Trabalho do II ,III, IV e V Governos Provisórios).

A crise internacional e a guerra surda EUA-UE
04.08.2008, Costa Martins

Bush pode promover um ataque ao Irão para dificultar o acesso da UE ao petróleo do Médio Oriente

Aquando da invasão do Iraque pelos EUA escrevi um artigo, publicado neste jornal, onde referi que o verdadeiro móbil dessa invasão decorria, essencialmente, da guerra surda económica-financeira dos EUA com a União Europeia (UE). Os EUA consideraram a UE como o seu principal adversário no plano económico/financeiro e procuraram impedir que ela crescesse e se consolidasse em termos de vir a destroná-los na liderança da economia mundial. O facto de a UE integrar vários países que são seus aliados político-
-militares confere delicadeza a essa guerra surda.

Os EUA definiram como estratégia o controlo das grandes plataformas petrolíferas internacionais para, através do controlo do preço do petróleo, condicionarem a competitividade dos produtos da UE face aos seus e travarem o desenvolvimento da China e da Índia, que começava a despertar com visibilidade.

Nessa estratégia consertou-se em triunvirato com a Inglaterra e a Austrália. Mas a invasão do Iraque revelou-se um desastre. Os EUA não conseguiram a ocupação das grandes plataformas petrolíferas mundiais nem o controlo do petróleo, o que os impossibilitou de impor aos outros países preços mais gravosos para o importante factor de produção que é o petróleo. Meteram-se num atoleiro político-militar do qual não sabem como sair e cujos custos tem empurrado a sua economia para a exaustão.

Os abaixamentos das taxas de juros a que a Reserva Federal tem recorrido para tentar estimular o arranque da economia não só não têm produzido os efeitos pretendidos, como têm sido aproveitados pela UE para tirar vantagens no campo financeiro, através da política seguida pelo Banco Central Europeu (BCE), que tem procedido a constantes aumentos das suas taxas de juros - não por causa da inflação, como é dito, mas sim visando aumentar o diferencial entre as taxas dos EUA e as da UE, fomentando, assim, a migração dos grandes capitais internacionais, em favor da UE, com o consequente agravamento da situação financeira americana.

A delicada situação dos EUA, nomeadamente económica e financeira, agravada pela fuga de capitais, tem levado à constante desvalorização do dólar que, por ser ainda a moeda de referência nos negócios do petróleo, tem contribuído para a constante subida do preço deste produto, dificultando, ainda mais, o arranque da economia dos EUA, que se apresentam cada vez mais fragilizados para continuar a desempenhar a função de motor da economia mundial.

Por outro lado, a política de aumento das taxas de juros seguida pelo BCE na guerra surda entre a UE e os EUA tem contribuído para a valorização do euro e para a sua afirmação como moeda forte internacional, ameaçando destronar o dólar.

As constantes valorizações do euro e desvalorizações do dólar, conjugadas com o facto de o dólar ser ainda a moeda de referência nos negócios, têm levado a que, em termos comparativos, a UE tivesse passado a comprar o petróleo a preços bastante mais baixos que os EUA - ou seja, na estratégia de Bush, virou-se o feitiço contra o feiticeiro.

Agora que a UE já marcou a sua posição e o euro já se afirmou como a moeda forte na cena internacional, o BCE, visando o relançamento da economia e o aumento das exportações, irá, certamente, começar a baixar as taxas de juros, ainda que cuidadosamente e procurando mantê-las superiores às dos EUA, embora com um diferencial mais reduzido.

A saída da crise, designada internacional, mas que se circunscreve essencialmente aos EUA e à UE, apresenta-se mais difícil na medida em que a UE não se encontra ainda em condições de assumir o papel de motor da economia mundial - situação que se complicou com o "não" da Irlanda ao Tratado de Lisboa - enquanto que os EUA se apresentam demasiado fragilizados para continuarem a sê-lo.

Bush, em desespero, quer lançar mão do petróleo existente nas jazidas estratégicas americanas. Esperemos que a recente e inesperada abertura da sua Administração ao diálogo directo com o Irão não se destine a usar uma eventual recusa do Irão em cumprir inteiramente as condições que lhe forem apresentadas como justificação para um ataque àquele país, a levar a cabo por Forças Armadas dos EUA ou por outras interpostas forças, o que se afigura mais provável.

É que, tendo a estratégia do controlo do preço do petróleo inicialmente congeminada tido consequências desastrosas, Bush, se tiver o abastecimento de petróleo aos EUA garantido directamente pela exploração das jazidas americanas, pode, para culminar a sua brilhante actuação, promover um ataque ao Irão em forma de despedida. Isso levaria ao incendiar do Médio Oriente e à interdição das rotas marítimas que lhe dão acesso, nomeadamente através do estreito de Ormuz, impossibilitando o abastecimento de petróleo à UE e a outros países não produtores, enquanto que, paralelamente, os EUA teriam garantida a satisfação das suas necessidades com o seu próprio petróleo e ao preço do custo da exploração.

A crise internacional está a mostrar à Europa que o bom senso e realismo político impõem um estreitamento de cooperação, no respeito mútuo, entre os países da bacia do Mediterrâneo, que o Presidente francês, em nome da UE, parece estar a pretender pôr em prática, e que será muito útil para atenuar e esbater eventuais tensões de carácter cultural e fomentar laços de amizade entre os vários povos, e que será a base de uma desejável convivência pacífica. Obama, a avaliar pelo seu recente discurso realista, em Berlim, parece não querer "perder o comboio" da Europa.

Coronel-Piloto-Aviador. Ex-membro da Comissão Coordenadora do MFA, do Conselho de Estado, do Conselho da Revolução e do Conselho dos Vinte. Ex-Ministro do Trabalho do II ,III, IV e V Governos Provisórios

Sunday, August 3, 2008

O Fim das Notas = Sucesso para todos!

Do Público de hoje:


As escolas devem pagar aos alunos que tiram boas notas?
03.08.2008, Natália Faria
Acenar com dinheiro pode ajudar
a tirar boas notas? Talvez, respondem os especialistas, mas isso é assumir o total falhanço da Escola
Dar dinheiro aos alunos que tiram boas notas nas escolas públicas é uma prática que está a ganhar cada vez mais adeptos. No Brasil, no México, mas também em Nova Iorque, nos EUA, onde os pedagogos anseiam pelos resultados de um projecto experimental que prevê o pagamento de alguns dólares aos estudantes que tiram boas notas nos exames e que abrange 58 escolas daquele Estado.

Por cá, a moda ainda não pegou. O máximo a que se chegou foi à criação dos prémios de mérito, mediante os quais o Ministério da Educação prevê a atribuição de um prémio de 500 euros aos melhores alunos do ensino secundário, já no próximo dia 12 de Setembro. Esta tendência, porém, está a preocupar os especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, que se mostram receosos quanto aos efeitos que esta importação do modelo empresarial para as escolas poderá ter no desenvolvimento dos alunos.

"Tudo isto é uma deturpação dos valores que a escola deve passar e que devem ir no sentido de criar cidadãos conscientes e intervenientes na sociedade porque querem ser felizes. E isto não se faz pondo as crianças a cumprir tarefas a troco de dinheiro", considera a psicóloga Rita Xarepe, para quem "é errado pensar-se que os miúdos não são melhores alunos porque não querem e que passarão a sê-lo a troco de dinheiro".

A partir da experiência que decorre em Nova Iorque e que abrange crianças dos oito aos 11 anos de idade, muitas das quais provenientes de meios marcados por fenómenos como o abandono escolar e a exclusão social, Rita Xarepe diz temer também os efeitos que tal prática terá na relação das crianças com a família. "Imagine a pressão de uma família sobre uma criança que deve ir à escola e ganhar dinheiro: já não lhe basta sentir que não é boa aluna e ainda tem que sentir que não está a levar dinheiro para casa e que a responsabilidade é dela."

O pedagogo Sérgio Niza também olha horrorizado para a remuneração do desempenho escolar. "É um truque ridículo que assenta na brutal ignorância dos governantes acerca das questões da Educação", qualifica este professor no Instituto de Psicologia Aplicada, lamentando que "as pessoas que gerem a Educação tenham esquecido que esta é um contrato de natureza social, onde adultos e jovens se comprometem entre si a atingir metas de conhecimento".

Fundador da "Escola Moderna" - um movimento de professores que aposta na maior participação dos alunos na aprendizagem -, Sérgio Niza acrescenta em tom de alerta que "o comércio e o lucro não são os valores adequados para preservar e promover a responsabilidade".

Na mesma lógica de raciocínio, Rui Trindade, professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, diz que "não é através de prémios financeiros que se resolve o problema da falta de sentido da escola". "Não me admiraria se os meninos começassem a viver na competição e se metessem a fazer batota ou a tomar drunfos para aguentar", antevê, insistindo que o desafio a não perder de vista é conseguir que a escola faça sentido para os alunos.
"Eu, como professor, tenho que ser capaz de imprimir um sentido àquilo que peço aos meus alunos e de lhes transmitir que o exercício que lhes estou a pedir lhes permitirá dar um salto em frente e que isso nem sempre é uma coisa lúdica, que implique recompensa imediata."

Noutra perspectiva, este "abrir da caixa de Pandora", como qualifica Rui Trindade, poderá deixar para trás os que têm mais dificuldade em obter boas notas. "Se os bons alunos são bons alunos, por que é que precisam de receber dinheiro? Não conseguimos que eles tirem prazer do facto de serem bons alunos sem ser pagand-lhes? Por outro lado, já tive crianças que nunca tinham tido uma positiva e que, por via do esforço e investimento, tiveram um dia um dez. Eu quero saber se essa gente não tem que ser valorizada pelo esforço que fez."

Sérgio Niza vai mais longe ao considerar que "não viria mal nenhum ao mundo se deixasse de haver atribuição de notas nas escolas". A quem o ouve com cepticismo, o pedagogo aponta o exemplo da Finlândia, país que obteve a melhor classificação nos três últimos Pisa - o programa de avaliação de alunos que abrange estudantes do ensino secundário de 57 países. "Na Finlândia, não há exames e os alunos progridem automaticamente, porque lá, em vez de se gastar brutalidades com alunos a repetir anos inteiros, o dinheiro é aplicado em professores auxiliares e assistentes que se vão encarregando dentro das salas de aula de não deixar atrasar os alunos."

Olhando para a realidade portuguesa, o pedagogo lamenta que se tenha enveredado pelo caminho da competição dentro das escolas, antes de apontar o que considera ter sido um erro crasso da actual ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, "que resolveu tornar públicos os resultados das provas aferidas, independentemente de dizer que não reprova as crianças".

"Os professores começaram a reter os alunos no segundo e terceiro anos para não chegarem ao quarto e sentirem vergonha por ver maus resultados dos seus alunos expostos perante todos."

Wednesday, June 18, 2008

Pureza









Há quem diga que um matemático é um engenheiro
com um complexo de superioridade, mas...
(imagem retirada do rerum natura)

Saturday, March 29, 2008

O delito de opinião: as "mentiras"

Pacheco Pereira hoje no Público:


"Não houve mentiras porque Bush e Blair estavam convencidos de que as armas de destruição maciça existiam no Iraque

Os governos mentem. Nem sequer vale a pena acrescentar a frase "todos mentem", que agora o Dr. House popularizou ao lembrar aos seus assistentes de que é boa prática presumir esse facto para o diagnóstico médico. Nem acrescentar que a vida social se alicerça na mentira "social" e que sem ela não poderíamos viver sem ser num sistema totalitário, em total transparência face ao Big Brother. A única verdade que merece o V grande é a do Divino, mas essa não cuida das matérias terrenas que Deus deixou a César. É cinismo? Não, não é, são os facts of life.

Todos os governos mentem por duas razões distintas, uma má e condenável e outra necessária e conforme o sentido de Estado, a segurança e o bem-estar dos cidadãos, logo, boa. Estive para escrever boa entre aspas, para fazer vénia ao significado moral da palavra, mas de facto não tem muito sentido fazê-lo. É boa mesmo porque é boa, porque se vive na terra e não no Paraíso utópico.

A parte condenável da mentira do Estado, dos governos, dos políticos, é a que significa ocultar dados que não se quer que se saibam porque prejudicam a imagem governamental ou dos políticos, para encobrir ilegalidades, enganos, falcatruas diversas, inaceitáveis sob qualquer ponto de vista. Essa parte da mentira é a que exige escrutínio e denúncia pública, a que justifica os direitos da comunicação social num país livre para denunciar os abusos do poder, a que o Parlamento deve ter condições para inquirir e denunciar, é simples de definir e tratar.

Já é mais complicada a mentira necessária que todos os governos democráticos praticam. Como por exemplo, a que leva um ministro das Finanças a negar uma desvalorização da moeda sem ambiguidades, duas horas antes de a anunciar. Ou a que leva qualquer primeiro-ministro português a responder com um enfático "não" se lhes fosse perguntado: conduz o Estado português operações de espionagem nos nossos muito amigos países africanos de expressão portuguesa? Claro que não, nunca, jamais em tempo algum.

Os críticos da intervenção americana do Iraque que andam desde o primeiro dia a bradar "mentirosos" para Bush, Blair, Aznar e Barroso devem estar a pensar, chegados aqui no artigo, que eu vou defender a necessidade da mentira de Estado "boa", para o que se passou com as armas de destruição maciça. Enganam-se porque no essencial, e é aqui o essencial que conta, não houve mentiras nem do primeiro grau, nem do segundo, nem do terceiro. Nem mentira para ocultar uma verdade que se conhecia e se queria esconder, nem mentira com dolo "necessário" para servir um bem maior, legitimar uma invasão que se pensava ser estrategicamente vital para a segurança nacional.

Não houve mentiras porque Bush e Blair estavam convencidos de que armas de destruição maciça existiam no Iraque, como também o estavam Chirac, Putin e o Estado-Maior iraquiano. Os interrogatórios feitos aos responsáveis militares iraquianos mostram que também eles estavam convencidos da existência destas armas e ficaram surpreendidos quando Saddam lhes disse no princípio da guerra que não existiam. Muitos, aliás, continuaram convencidos de que as armas existiam em unidades muito especiais sob o controlo dos filhos de Saddam, Uday e Quday, e que Saddam os estava a enganar.

Havia pouca gente com dúvidas, mas também sem certezas. Havia na CIA, nas Nações Unidas, gente com dúvidas sobre se as "provas" que os americanos apresentaram eram mesmo provas a sério, mas eram mais dúvidas sobre as "provas" do que sobre o facto de Saddam poder ter armas de destruição maciça. Até porque havia o preocupante facto, que hoje não convém lembrar, de que ele não só as tivera como as usara contra os curdos e iranianos. Havia dúvidas muito mais sérias sobre a justeza do política americana de invadir o Iraque, muito mais assertivas, muito mais fundamentadas, mas não era por causa das armas.

A Administração Bush actuou como deve actuar um governo responsável que acha que está em guerra - pela Lei de Murphy, se uma coisa pode correr mal, mais vale prepararmo-nos para que corra mal. Onde errou foi em deixar centrar a sua argumentação nas armas, o que resultou das pressões de Colin Powell e do Departamento de Estado para obter uma resolução das Nações Unidas, e que levou à apresentação de "provas" que vieram a revelar-se inconsistentes ou falsas. A Administração Bush fê-lo porque não tinha nada de melhor a apresentar, não porque não estivesse convencida de que as armas não existissem.

As provas materiais que possuíam eram débeis, equívocas e nalguns casos falsas, embora saber quem as "plantou" nos serviços de informação seja toda uma outra história. Sim, algumas "provas" eram "mentira", mas a convicção de que havia armas de destruição maciça não era mentira.

Claro que no estilo moralmente excitado com que se discute o Iraque, pouca atenção se dá aos factos e tudo se move por "impressões" e por duas ou três frases desirmanadas usadas como prova, como é o caso do que disse o inspector Scott Ritter, ou citações de Hans Blix, que só se tornaram tão unívocas depois de não se encontrarem as armas depois da invasão. No caso de Scott Ritter o testemunho foi sempre prejudicado na sua credibilidade pelas suas relações com o governo iraquiano.

Blix, por seu lado, no artigo muito crítico que escreveu no Guardian sobre os cinco anos de guerra, admitiu que era "compreensível" que Bush e Blair acreditassem na existência das armas no Outono de 2002, perguntando-se ele próprio, sem saber responder, "porque é que os iraquianos tinham impedido os inspectores das Nações Unidas durante os anos 90 quando não tinham nada que esconder".

É verdade que Blix responsabiliza Bush e Blair pelo que "sabiam em Março de 2003", referindo-se ao trabalho da equipa de inspectores a que presidia e que ocorreu entre as duas datas. A questão só pode ser colocada assim a posteriori, porque o que sabiam "em Março de 2003" é que os inspectores não tinham encontrado as armas e o próprio relatório que Blix apresentou ao Conselho de Segurança em Fevereiro de 2003 não é tão seguro como Blix agora pretende que foi.

Entre outras coisas, apresentava reservas sobre o que tinha acontecido a armamento citado em documentos iraquianos e que o governo de Saddam dizia ter destruído sem apresentar provas. De qualquer modo, qualquer observador que leia com isenção a documentação existente na época só pode chegar à conclusão de que a convicção da existência de armas de destruição maciça era legítima, mas tinha uma dose excessiva de voluntarismo.

Esse voluntarismo pagou-se caro porque a utilização da existência das armas de destruição maciçva como argumento central de legitimação da invasão revelou-se o principal factor de desautorização de uma guerra que muitos não viam em 2003 com as cores negras com que a vêem hoje. A sua importância na descredibilização da operação foi enorme nas democracias ocidentais e tornou-se incontornável.

Quanto à "mentira" é que não vale a pena discutir racionalmente e com apoio dos factos indesmentíveis, de muitos estudos e análises feitos por especialistas e historiadores que não têm a mínima simpatia pela guerra iraquiana nem pela política de Bush, porque já ninguém ouve com o ruído propagandístico.

Veja-se, por exemplo, aquela que é considerada a melhor história militar da invasão, Cobra II, de autoria de Michael Gordon e do general Bernard Trainor e que mostra como todos os planos militares americanos foram feitos tendo em conta a existência e possibilidade de um ataque químico ou biológico, com consideráveis custos numa estratégia que fazia da rapidez a sua pedra de toque, que mostra como unidades especiais andaram à procura das armas por todo o lado e a perplexidade com que foi recebida a informação de que estas não eram encontradas.

Se de facto tivesse havido a "mentira" deliberada que é assacada a americanos e ingleses, então não seria difícil, pelo mesmo princípio de dolo, encontrar qualquer coisa, uns bidões num armazém, umas ampolas biológicas nalgum sítio.

Houve aliás quem sugerisse que os americanos iam fazer isso e, para "mentiroso" antes, "mentiroso depois, deveria ser a regra. Seria aliás quase impossível de verificar se era verdade ou não. Só que os factos são outros."

Saturday, March 22, 2008

A lei da rua

Pulido Valente hoje no Público sobre o caso (vulgar) da aluna do Carolina Michaëlis.

22.03.2008, Vasco Pulido Valente

Na Escola Carolina Michaëlis do Porto, uma escola da classe média e não uma escola "problema" de um bairro popular, a professora de Francês (altamente qualificada, por sinal) confiscou um telemóvel a uma aluna. Quase com certeza porque o telemóvel interferia com a aula (ou porque estava a ser usado, ou porque tocava, ou por uma razão qualquer igualmente grave). A dita aluna berrou e agrediu a professora. Não a deixou sair da sala. À volta, a turma ria e comentava: "Olha que a velha vai cair!", por exemplo. No fim, já havia um molho tumultuário e confuso, que outra criancinha prestavelmente filmava e que dali a pouco apareceu no YouTube e, a seguir, na televisão. Convém acrescentar que a professora era pequena e frágil e a aluna alta, anafada e forte. A brutalidade da coisa constrangia.

Perante isto, os nossos comentadores descobriram logo um culpado: os pais. Toda a gente imagina a cantilena: pais que não se interessam pelos filhos; pais que não "educam" os filhos; pais que não lhes tramitem os "valores" do respeito, da dignidade e da convivência. Muito bem. Mas não me cheira que a aluna do telemóvel bata habitualmente nos pais como bateu na professora. Porquê? Porque não acredito que ela goze em casa a impunidade de que goza na escola. Na escola não lhe podem responder bofetada a bofetada. Não a podem em definitivo pôr fora do sistema de ensino (excepto com a aprovação pessoal do ministro). Não a podem sequer fazer perder o ano por faltas. Não há melhor ambiente para um tiranete. É a lei da rua. Em última análise, é a lei da violência.

O Observatório da Segurança em Meio Escolar (reparem no nome) registou 185 agressões (físicas, como é óbvio) a professores nos 180 dias do ano lectivo. Tirando as que não foram "participadas" por medo ou por vergonha. Mesmo assim: mais de uma por dia. E não se trata, como provou a Escola Carolina Michaëlis, de um fenómeno marginal, atribuível ao analfabetismo e à pobreza. O que essa monstruosidade indica é a profunda corrupção da escola pública. O Governo pretende agora "avaliar" os professores. Se existisse justiça neste mundo, devia "avaliar" primeiro a longa linha de ministros que desde Veiga Simão (um homem nefasto), Roberto Carneiro e Marçal Grilo arrasaram no ensino do Estado a autoridade e a disciplina e o tornaram na trágica farsa que hoje temos.

O delito de opinião sobre o Iraque

Pacheco Pereira hoje no Público.
Tratando-se de problema que partilho, à minha pequena escala, este delito de opinião...

22.03.2008, José Pacheco Pereira

A turba que grita "crime" conforta-se com meia dúzia de meias verdades, muitas falsidades e uma ignorância militante

Existe em Portugal um delito de opinião para o qual uma pequena turba, que só parece grande porque é alimentada pelo silêncio de muitos, pede punição, censura, opróbrio, confissão pública do crime, rasgar de vestes. Esse delito de opinião é ter estado a favor da invasão do Iraque e é particularmente agravado nos casos raríssimos em que se continua a estar a favor, esses então de reincidência patológica que justificam prisão e banimento.

Esta persistência no erro só pode mostrar tenebrosos defeitos de carácter e uma crueldade sem limites, que são apontados a dedo como devendo justificar o ostracismo e a incapacidade cívica. Como só se aplica a meia dúzia de pessoas, visto que a maioria dos apoiantes originais abjurou como Durão Barroso, ainda é mais fácil apontar o dedo. Se houvesse pelourinho na cidade, a turba lá nos levaria a mim e ao José Manuel Fernandes, que suporta nove décimos de ataques à sua direcção do PÚBLICO por causa deste delito de opinião, para a humilhação pública.

Para essa turba que grita "crime" os factos interessam pouco, o conhecimento do que aconteceu fica confortado com meia dúzia de meias verdades, muitas falsidades, mas acima de tudo uma ignorância militante que não só não sabe como não quer aprender. Os factos não lhes interessam de todo. Olharem o Iraque em 2003, 2006, 2008 é a mesma coisa, só muda o número do final do ano. Têm uma tese e, aconteça o que acontecer, o que vale é a tese e essa tese é normalmente uma visão do mundo assente num único pilar, o antiamericanismo militante por razões puramente ideológicas. Essas razões existem, mas raras vezes são enunciadas para não prejudicar o bater no peito moral com a suspeita de que a mão que bate o faz por uma política radical que não ousa mostrar-se. Desse ponto de vista, as críticas a Bush têm um precedente curioso, parecem as críticas a Churchill e a Reagan.

Há, como em todas as regras, meia dúzia de excepções de pessoas que foram contra a guerra e que o foram por razões mais sérias e que foram capazes de apontar erros reais da actuação dos americanos, em particular os que vinham quer da ignorância da dimensão daquilo em que se estavam a meter, quer da sua impreparação para o fazer e das suas erradas prioridades. Essas objecções sérias merecem ser discutidas e, nalguns casos, deve-se-lhes o reconhecimento da razão que tiveram antes do tempo.

Mas, insisto, os interlocutores sérios são a excepção. Nesta matéria, quem faz a lei ideológica e tribunícia é o Bloco de Esquerda, muitas vezes secundado pela voz de Mário Soares. Todos falam com a linguagem, os slogans, os tiques, os excessos verbais, a arrogância moral e a pesporrência do Bloco de Esquerda e não querem saber de mais nada do que da condenação moral dos "responsáveis" por "muitas centenas de milhares de mortos". Os números são plásticos, podem ser exagerados porque são sempre números do "crime".

Não lhes interessa Saddam, não lhes interessa a submissão dos xiitas, não lhes interessa a natureza de um regime que atacou aldeias curdas com armas químicas, não lhes interessa um ditador que provocou guerras, essas sim, com mais de um milhão de mortos, e que invadiu os países vizinhos. Nada mais lhes interessa.

Dito isto, vamos pois continuar a cometer o delito de opinião. A última coisa que direi é que, cinco anos depois, na operação iraquiana tudo correu bem, porque, em muitos aspectos, correu até bastante mal. Só que não é pelas mesmas razões, nem pelas mesmas causas, nem pelos mesmos motivos, dos que bradam ao crime e à "mentira". Mais adiante voltaremos aqui, mas comecemos pelo princípio.

Primeiro, há os pressupostos da decisão de invadir, tomada muito antes da invasão e não necessariamente pelas mesmas razões apresentadas publicamente para a justificar. A decisão de invadir tem pouco a ver com a existência de armas de destruição maciça, ou com a possibilidade de Saddam ser um apoiante da Al-Qaeda, que não era. A origem da decisão tem a ver com uma ideia mais global da resposta à crise suscitada pelo terrorismo apocalíptico que se verificou nas torres nova-iorquinas e no Pentágono, mas também nas embaixadas africanas dos EUA, nas discotecas de Bali, no metro de Londres, nos comboios suburbanos de Madrid e um pouco por todo o lado, da Índia à China, do Cáucaso aos Balcãs.

Na Administração americana surgiu a ideia de que, para combater a nova forma de guerra que é o terrorismo, não bastava erradicar as bases terroristas onde elas existiam (como no Afeganistão ou Sudão), o que era visto como um sintoma, mas ir à causa, à relação de forças que bloqueava todos os processos políticos que deveriam "distender" o Médio Oriente e permitir a resolução de conflitos antigos como o da Palestina.

Esses conflitos não eram a causa do terrorismo da Al-Qaeda, de uma natureza diferente do Hezbollah ou do Hamas, mas, ao funcionarem como um irritante geral, bloqueavam as forças moderadas e moderadoras no mundo árabe-muçulmano e impediam a estabilização da região. A importância geoestratégica do Médio Oriente era crucial para o resto do mundo por causa da dependência do petróleo, líquido que tem a tendência natural para surgir só em sítios complicados.

Se a discussão se centrar neste ponto, o da natureza da resposta americana e da sua razoabilidade, ela é frutuosa, porque contém um genuíno problema: o terrorismo fundamentalista e o modo de o defrontar. Para o discutir há que entrar em conta com os aspectos de maior complexidade que não só estão contidos no problema, como na suposta "solução" que estava implícita na invasão.

E aqui é que existem as objecções mais sérias, como também muito do que correu mal no processo iraquiano e que podia ter sido evitado. Sim, porque nem tudo o que aconteceu no Iraque se deveu à invasão em si, nem aos pressupostos da invasão (alguns dos quais mostraram apontar no sentido correcto nos primeiros momentos), mas ao modo como foi efectuada a ocupação do Iraque. Ou seja, nem tudo o que aconteceu depois de 2003 se deve à invasão, nem é sua consequência necessária ou inevitável, nem a tem como pressuposto.

Muito do que aconteceu no Iraque deve-se a erros cometidos depois da invasão, uns inevitáveis devido ao modo ingénuo, ignorante e incompetente como foi previsto o período da ocupação, outros perfeitamente evitáveis e que se devem a erros clamorosos da Administração Bush.

Todas as críticas que salientam a imprudência e a impreparação americana para lidar com uma das áreas mais complexas do mundo, onde existe há muito tempo um nó górdio da política mundial, criado pelas potências europeias desde a divisão do império otomano e agravado por uma miríade de ideias ocidental como o marxismo, o nacionalismo e mesmo a forma moderna do fundamentalismo islâmico, têm razão de ser. Mas uma coisa é criticar os americanos pela sua ocupação do Iraque e outra é contestar a sua decisão de invadir e negar que nem todos os efeitos da invasão foram desastrosos e alguns foram conseguidos.

Por detrás do fumo dos atentados em Bagdad, a única coisa que vemos na televisão, há muita coisa a mudar no Iraque e alguma no sentido desejado pelos americanos. Mas dizer isto parece que causa escândalo. Talvez por isso, fechar o que está a acontecer no Iraque debaixo de conclusões férreas, definidas de antemão desde 2003, e a que pouco interessa a realidade que não seja a dos atentados, é mais do domínio da propaganda do que da realidade.
Segundo, há a questão das "armas de destruição massivas".

Wednesday, March 12, 2008

Encalhados (Helena Matos no Público de 11/3/2008)

Encalhados

Helena Matos

Os professores não inventaram o monstro: adaptaram-se às reformas que lhes foram entregues pela 5 de Outubro
Vinte e seis ministros em três décadas e meia para um ministério onde os funcionários são mais de duzentos mil. Na sua maioria são mulheres, têm uma formação superior à da população portuguesa e são conhecidas como stôras.

Não houve alteração política em Portugal que não sublinhasse o potencial e os perigos resultantes da dispersão regional e da extraordinária proximidade que os professores mantêm com a população. Os professores sempre foram vistos como um extraodinário veículo de propaganda ou como perigosos agitadores: a República pô-los a oficiar cerimónias maçónicas, o Estado Novo controlou-os e perseguiu-os mais do que a quaisquer outros funcionários e a democracia almejou que eles construíssem, em cada escola, aquele que era o seu modelo de sociedade ideal - um universo onde a disciplina surgia naturalmente, se trabalhava sem esforço e onde todos eram iguais.

Não por acaso é um dos homens que associamos ao espírito da Primavera marcelista e que na democracia voltou a ser ministro, Veiga Simão, que encontramos a pôr em marcha a escola enquanto alter-ego duma sociedade que vê na igualdade uma espécie de estado de bondade irremediavelmente perdido para os adultos mas passível de ser recriado para as crianças e jovens.

Ao extinguir o chamado ensino técnico entendeu a geração de Veiga Simão que se estava a dar um forte contributo para acabar com as diferenças entre pobres e ricos, pois todos passariam a frequentar a escola unificada. Simultaneamente, a escala de avaliação de 1 a 20 foi condensada em 1 a 5.

O resultado foi o 3 tornar-se nota universal para alunos que iam do medíocre ao bom. Se algo a 5 de Outubro conseguiu criar rapidamente nas escolas foi esse assustador centrão da mediocridade.

Mas nada disto foi ou é suficiente para que o Ministério da Educação se dê por derrotado nos seus desígnios de política social: em nome da igualdade, a actual equipa ministerial terminou com o ensino artístico, uma decisão que à semelhança do que sucedeu com o ensino técnico pode vir a ter implicações futuras calamitosas.

Sob a batuta da 5 de Outubro o universo-escola criou uma linguagem própria que tornou apresentável este reino do absurdo, em que se tornaram indistintos não apenas os resultados mas também o que fazia cada um na escola.

Os professores e alunos passaram a ensinantes e aprendentes mútuos, a transmissão de conhecimentos deu lugar a uma situação relacional onde por vezes se ficava retido e a violência escolar passou ser encarada como uma forma não enquadrada da expressão de problemas. Para cúmulo, o próprio saber dos professores entrou numa espiral de relativismo: o que importava era acumular créditos em acções de formação e não o conteúdo dessas acções. Assim, era rigorosamente igual para um docente de Alemão frequentar uma acção de formação em língua alemã, ecologia ou azulejaria.

Isto numa versão relativamente bondosa do sucedido, porque em alguns casos chegaram a fazer-se seminários para docentes ministrados por "terapeutas de energias" e astrólogos. Tudo isto devidamente avalizado e estimulado pelo ministério.

Os professores não inventaram nada do monstro que anda para aí. Simplesmente se adaptaram a todas as reformas prontas a usar que lhes foram entregues pela 5 de Outubro. Os professores temem agora - e têm fortes motivos para isso - que a avaliação os torne nos bodes expiatórios do falhanço duma política, a da educação, que leva 11 por cento do investimento público português e não apresenta resultados minimamente satisfatórios.

Diz a ministra que os professores não querem ser avaliados. Provavelmente tem razão a senhora ministra. Mas os professores apenas se limitam a fazer seus os princípios básicos do ministério. Durante quantos anos o ministério tentou que não fossem conhecidos os dados que permitem elaborar os rankings? E, por acaso, deixa Maria de Lurdes Rodrigues que os pais avaliem as escolas? Quando digo avaliar não falo de preencher fichas ou dar notas a professores. Falo da única forma que conheço de avaliação dum serviço: termos a liberdade de o trocar por outro.

O critério da escolha das famílias - instituindo o cheque ensino e dando liberdade às escolas públicas para se organizarem consoante as necessidades daqueles que as procuram - é único processo de se poder avaliar o trabalho duma escola e dos seus professores. Os professores serão avaliados no dia em que numa qualquer escola pública, em Portugal, um encarregado de educação possa dizer que quer transferir o seu filho para a escola A, seja ela pública ou privada, simplesmente porque ela é melhor e que, na sequência dessa transferência, os cinco mil euros que o Estado português gasta anualmente com a educação do seu filho passarão a ser entregues na escola Y e não naquela que frequentou até então.

As fichas que tanta indignação têm suscitado não pretendem avaliar professores. São simplesmente um mecanismo de controlo por parte do ministério para com os seus funcionários. Mecanismo autoritário e legitimador de subjectividades várias como sempre aconteceu na relação entre o ministério e os professores. Mas aos pais e aos alunos essas fichas interessam tanto quanto os requerimentos que os professores têm de preencher. Ou seja, quase nada.

Os pais e os alunos estão encalhados à espera que algo consiga quebrar esta concepção da educação que leva a que a mesma esteja reduzida a uma guerra entre a rua, onde os professores desfilam ao sábado, e o ministério donde a ministra faz prova de vida nos noticiários da noite do fim-de-semana. Quer os professores quer a ministra sabem que não têm margem para muito mais.

Entretanto, de segunda a sexta, os alunos portugueses fazem o seu ensino obrigatório numa escola que não podem escolher. Será que a ministra e os professores querem mesmo falar de avaliação?

Uma lista impressionante: Eduardo Correia, Vitorino Magalhães Godinho, Vasco Gonçalves, Rui Grácio, Manuel Rodrigues de Carvalho, José Emílio da Silva, Vítor Alves, Mário Sottomayor Cardia, Carlos Lloyd Braga, Luís Valente de Oliveira, Luís Veiga da Cunha, Vítor Pereira Crespo, João Fraústo da Silva, José Augusto Seabra, João de Deus Pinheiro, Roberto Carneiro, Diamantino Durão, Couto dos Santos, Manuela Ferreira Leite, Marçal Grilo, Guilherme d"Oliveira Martins, Santos Silva, Domingos Pedrosa de Jesus, David Justino, Maria do Carmo Seabra, Maria de Lurdes Rodrigues - eis os ministros da Educação desde Abril de 1974.

Sobre o processo Casa Pia espero que o tempo traga a serenidade e a distância necessárias para que percebamos o que aconteceu. (E já que falamos de professores, nunca consegui entender a resignação com que tantos docentes daquela instituição aceitaram, durante anos, que os seus alunos fossem vítimas de abusos.)

Mas se o processo em si mesmo é perturbante, alguns aspectos que lhe são marginais nada contribuem para que se quebre o clima de suspeição que envolve todo este caso. Por exemplo, como se explica a dupla contratação, pela ministra da Educação, de João Pedroso, irmão e advogado de Paulo Pedroso, para proceder a um levantamento da legislação do Ministério da Educação? Não só é difícil de entender que nos seus mais de duzentos mil funcionários nenhum conseguisse dar conta desta tarefa como resta a dúvida: o Ministério da Educação não conhece a sua própria legislação?

Mas mais grave ainda é a revelação agora feita pelo Sol de que o chefe de gabinete do ministro Vieira da Silva teria feito chegar à defesa de Paulo Pedroso um documento pessoal da ex-provedora Catalina Pestana. Quero acreditar que isto não é verdade mas infelizmente não encontro qualquer desmentido.

Sunday, February 10, 2008

Um ministério útil!??

António Barreto hoje no Público:

"Já se pensou no que poderia ser um ministério da educação sem nomeação de professores, sem definição de horários, sem autoridade sobre os técnicos de apoio, sem concursos de aquisição de bens, sem capacidade para aprovar, dia sim dia sim, regulamentos pedagógicos e normas de execução? Já se imaginou na utilidade de um ministério que se dedicasse a pensar, a apoiar e a inspeccionar, em vez de administrar, recrutar, fazer obras e ditar regras de comportamento? Após tantas décadas de miséria educativa e de caos escolar, com os péssimos resultados que se conhecem, merecíamos melhor. Nós todos e também os professores, os alunos e os pais."

Thursday, January 31, 2008

NAH NEH NAH

I got on the phone and called the girls, said
Meet me down at Curly Pearls, for a
Ney, Nah Neh Nah
In my high-heeled shoes and fancy fads
I ran down the stairs hailed me a cab, going
Ney, Nah Neh Nah
Ney, Nah Neh Nah
Ney, Nah Neh Nah
Nah Neh Nah

When I pushed the door, I saw Eleanor
And Mary-Lou swinging on the floor, going
Ney, Nah Neh Nah
Sue came in, in a silk sarong
She walzed across as they played that
song,
going
Ney, Nah Neh Nah
Ney, Nah Neh Nah
Ney, Nah Neh Nah
Nah Neh Nah

Annie was a little late
She had to get out of a date with a
Ney, Nah Neh Nah
Curly fixed another drink
As the piano man began to sing that song
Ney, Nah Neh Nah
Ney, Nah Neh Nah
Ney, Nah Neh Nah
Nah Neh Nah

It was already half past three
But the night was young and so were we,
dancing
Ney, Nah Neh Nah
Oh Lord, did we have a ball
Still singing, walking down that hall, that
Ney, Nah Neh Nah
Ney, Nah Neh Nah
Ney, Nah Neh Nah
Nah Neh Nah

DON'T CRY FOR LOUIE

I gave up all my friends
My girls from out of town
Bought her what she wanted
Yet she let me down
When she saw me crying
She said I had no heart
When my heart was bleeding
She turned around and laughed

Girls don´t cry for Louie
Louie wouldn´t cry for you
When you walk the streets for Louie
You better do what Louie tells you to

I met Louie on a hazy morning
When the bars were closing down
He said honey I really like your prancing
You and I we´ll burn this town

This woman, sir, mislead me
Hurt me in my pride
Who are you to judge me?
Who are you to take her side?
She cheated on me mister
Told me nothing but lies
I just had to teach her
Not to overstep the line

Girls don´t cry over Louie
He wouldn´t waste a tear on you
When you walk the streets for Louie
You ain´t walking down no avenue

I met Louie on a hazy morning
In a sleazy part of town
I was tipsy and feeling kind´a lonely
Louie offered me his arm
He said: you and I we´ll burn this town
He said: you and I we´ll burn this town


Lyrics: Dani Klein/Dirk Schoufs
Music: Dani Klein/Dirk Schoufs
Arrangements: Dirk Schoufs

Sunday, January 27, 2008

Os javardos

Fui de viagem. No dia 20 de Janeiro de 2008, bem cedo -- aí umas 4:00 da matina -- estou com um colega no bar do aeroporto, esperando a hora do voo. O bar é perto da entrada para as portas de embarque, mesmo antes do controle de documentos, após a escada rolante, à esquerda.

De repente um dos empregados pontapeia uma cadeira, dá uns berros em direcção ao balcão e vocifera: "...paneleiro!" entre outros grunhidos incompreensíveis. A discussão entre os empregados do bar continuou, longa e barulhenta. Abandonámos o local, não sei quando nem como terá terminado. Amigos dizem-me que já presenciaram o mesmo fenómeno no mesmo local.

De regresso, no do 26/1/2008. Apanho um táxi para o Campo Grande, onde tenho meu carro. O taxista, após uns momentos de condução, explode: "Campo Grande!? Foda-se!" e mais praguejou sobre a curta corrida que lhe calhara. Não sei o número do taxi, mas sim a matrícula: 83-13-LC.
Iso aconteceu por volta das 14:40.

A quem me devo queixar? E... valerá a pena?

Claro que passei por outros aeroportos e apanhei outros taxis na minha viagem. Mas não vi lá fora javardos como estes...

Saturday, January 26, 2008

Caras lindas da sétima



Faces em filme.

Mary Pickford, Lillian Gish, Gloria Swanson, Marlene Dietrich, Norma Shearer, Ruth Chatterton, Jean Harlow, Katharine Hepburn, Carole Lombard, Bette Davis, Greta Garbo, Barbara Stanwyck, Vivien Leigh, Greer Garson, Hedy Lamarr, Rita Hayworth, Gene Tierney, Olivia de Havilland, Ingrid Bergman, Joan Crawford, Ginger Rogers, Loretta Young, Deborah Kerr, Judy Garland, Anne Baxter, Lauren Bacall, Susan Hayward, Ava Gardner, Marilyn Monroe, Grace Kelly, Lana Turner, Elizabeth Taylor, Kim Novak, Audrey Hepburn, Dorothy Dandridge, Shirley MacLaine, Natalie Wood, Rita Moreno, Janet Leigh, Brigitte Bardot, Sophia Loren, Ann Margret, Julie Andrews, Raquel Welch, Tuesday Weld, Jane Fonda, Julie Christie, Faye Dunaway, Catherine Deneuve, Jacqueline Bisset, Candice Bergen, Isabella Rossellini, Diane Keaton, Goldie Hawn, Meryl Streep, Susan Sarandon, Jessica Lange, Michelle Pfeiffer, Sigourney Weaver, Kathleen Turner, Holly Hunter, Jodie Foster, Angela Bassett, Demi Moore, Sharon Stone, Meg Ryan, Julia Roberts, Salma Hayek, Sandra Bullock, Julianne Moore, Diane Lane, Nicole Kidman, Catherine Zeta-Jones, Angelina Jolie, Charlize Theron, Reese Witherspoon, Halle Berry.

Friday, January 11, 2008

Rocky Racoon

Now somewhere in the black mountain hills of dakota
There lived a young boy named rocky raccoon
And one day his woman ran off with another guy
Hit young rocky in the eye, rocky didnt like that
He said Im gonna get that boy
So one day he walked into town
Booked himself a room in the local saloon

Rocky raccoon checked into his room
Only to find gideons bible
Rocky had come equipped with a gun
To shoot off the legs of his rival
His rival it seems had broken his dreams
By stealing the girl of his fancy
Her name was magil and she called herself lil
But everyone knew her as nancy

Now she and her man who called himself dan
Were in the next room at the hoe down
Rocky burst in and grinning a grin
He said danny boy this is a showdown
But daniel was hot - he drew first and shot
And rocky collapsed in the corner

Now the doctor came in stinking of gin
And proceeded to lie on the table
He said rocky you met your match
And rocky said, doc its only a scratch
And Ill be better, Ill be better doc as soon as I am able

Now rocky raccoon he fell back in his room
Only to find gideons bible
Gideon checked out and he left it no doubt
To help with good rockys revival

Friday, January 4, 2008

White Rabbit Lyrics

White Rabbit Lyrics
Jefferson Airplane

One pill makes you larger
And one pill makes you small,
And the ones that mother gives you
Don't do anything at all.
Go ask Alice
When she's ten feet tall.
And if you go chasing rabbits
And you know you're going to fall,
Tell 'em a hookah smoking caterpillar
Has given you the call.
Call Alice
When she was just small.
When the men on the chessboard
Get up and tell you where to go
And you've just had some kind of mushroom
And your mind is moving low.
Go ask Alice
I think she'll know.
When logic and proportion
Have fallen sloppy dead,
And the White Knight is talking backwards
And the Red Queen's "off with her head!"
Remember what the dormouse said:
"Feed your head. Feed your head. Feed your head"